Amenidades
Num instante a cabeça sossega, cai para o lado e repousa. Deixa-se cair mais uma vez, atrás, buscando olhar para o céu; e relaxa. Numa fração de segundo, que demora mais do que o normal, a mente esvazia-se. E aquieta-se. E gosta do que sente.
Retira de dentro angústias, tensões, o receio de pensar em solidão, tristeza, abandono e apenas escuta o som do nada. E assim permanece e não enlouquece como imaginava acontecer nesse movimento.
E, de forma estranha, começa a gostar desse não fazer, ato voluntário, de agora
Não faz cobranças, não espera pelo sorriso que não veio, pelo aconchego das mãos e lábios que também não chegaram. Apenas admite sobreviver sem isso. E sem dor, com sorriso nos lábios.
Essa sensação de bem-estar não necessita de parceiros, não vive de passado, não almeja impossibilidades, não fantasia amores passíveis de existirem apenas numa mente carente.
Deleite sem toque, prazer sem descrição nos manuais, plenitude sem as grandes conquistas do intelecto e do materialismo, bucólico sem ser insípido, sutil, porém contagiante e ardente.
Palavras não são necessárias, tudo tem mais sentido pela percepção. Conflitos de espécie alguma ganham espaço, somente a brisa acalenta e o tempo tem o tamanho que decidir dar a ele.
Sou senhora de mim.