PLACEBO
O abacaxi ao invés de ajudar na digestão, causou mais desconforto, tal qual foi a sua passagem pela minha vida. Chegou prometendo alguma cura e acabou por alimentar danos sem cicatrizar feridas.
Deixou gostinho ácido e revirou minhas entranhas. De início, foi revigorante e se propôs a aliviar a indigestão de um passado gorduroso e pesado.
Ao longo da sua ação, mostrou-se insuficiente e mal calculado na dosagem de sua aplicação.
Assim como outra droga, a administração foi prejudicial a outros órgãos e sentidos e sequer causou uma boa dependência (ineficaz até nisso!). Bastou ser retirado do organismo para se ver comprovada sua ineficácia e ineficiência.
Genérico na formulação, similar nas atitudes, substitutivo mais fraco que o placebo.
Engodo disfarçado de bom moço; de conduta reprovável desde o primeiro olhar malicioso.
Tendencioso apesar de insinuar preocupação e atenção ao próximo.
Pelego, frangote!
Abacaxi, que, apesar de vez por outra doce, nunca escondeu a casca espinhenta, que, por si só, deveria repelir quem nunca se habituou à falsidade.
Quando usado na sua forma efervescente, deveria ter, ao menos, causado alívio imediato, porém minutos depois, a queimação se espalhava pela mente e corpo.
Quando utilizado em doses homeopáticas perdia sua má essência, já que não conseguia manter viva por muito tempo a falsidade de seus objetivos.
Optei por tratamento de desintoxicação de choque. Gastei certo tempo com a limpeza das impurezas deixadas, e partir para a cura pelo autoperdão.
Entendi que, por fraqueza, permite-se que chaga como essa se instale e furte a nossa energia vital, agora já restabelecida.
Cuidado com aqueles que se apresentam sob a forma de lenitivos! Podem esconder sob as mangas venenos desestabilizadores, mas sequer mortais!