TUDO SEMPRE MUITO AZUL...

TUDO SEMPRE MUITO AZUL...
FILTRAR, LAPIDAR, CUIDAR, SUPERAR, MUDAR E, SE PRECISO, RENOVAR!

quinta-feira, 14 de abril de 2011


Acúmulo necessário

Nos últimos tempos, acumulei algumas decepções: desapontamentos que insisti em não querer enxergar. Isso é sinal de que errei na medida; dei importância a situações e a pessoas que não eram tão dignas assim do meu apreço e dos meus cuidados. Sem mágoa, aprendi com mais essa experiência.

E como tudo passa e tudo muda a cada segundo, e essa é a beleza da vida, é hora de buscar sentido em outros prazeres menos densos e passageiros.

E posso garantir, essa nova busca é o que me move, me ergue e me dá a certeza de que me fiz mais forte a cada esbarrão, a cada contusão, a cada decepção. E outras ainda virão, é fato. O que não será a mesma é a minha reação a elas: virão leves, serenas e cheias de graça, porque hoje sei que dão novo sentido, sacodem velhas crenças, estremecem os alicerces e depois me deixam fortalecida e revigorada.

Que venha o novo com suas duras ou doces sensações! O que vier, vem bem.

domingo, 10 de abril de 2011

DE MIM PARA TI


O que esperavas encontrar aqui?

Se era um amontoado de desejos aflorando em cada extremidade do meu corpo, acertastes.

Se era um surto de calor, cujo mistério te arremessavas até mim, na ânsia de devorar-me, chegastes certeiro ao meu lugar.

Se era para ouvires palavras quentes e contares segredos um tanto lascivos, ganhastes morada nesse corpo.

Se era para desabares de uma vez só e ouvires uma doce e linda canção ao pé do ouvido, encontrastes seu refúgio.

Se quisestes saborear os beijos mais molhados, os olhares mais apimentados, as mãos mais vorazes, pousastes em solo fértil.

Mas se desejastes apenas um cafuné, terias que te dispor a muito mais; aqui o pouco é no mínimo tudo.

E, enfim, agora depois de tudo experimentado, se tu desejares, em um só momento ir embora, saberás o quanto difícil será essa tua escolha. Não quererás ver doer na pele, arder no peito a saudade. E, depois de muito pensares, te sobrarás como opção te entregar ao um novo convite para amar.

E começaremos tudo outra vez...quem mandou vires me procurar, por que quisestes me descobrir?

sábado, 9 de abril de 2011

EXPECTATIVA


Para falar sobre a raça humana, faz-se incontinenti separar para análise a espécie feminina. Espécie sim, porque conserva caráter único, essência que só a ela é comum.

Desconhecemos por inteiro a dimensão onde elas hibernam antes de se formarem e quais os elementos passam a fazer parte de sua estrutura física e psíquica.

Não raciocina sem antes fazer uma série de considerações, todas sentidas, sofridas e com uma carga esplendorosa de introspecção.

E sofre a dor do outro, divide todos os sorrisos. Mas delira, fantasia; é capaz de criar um universo paralelo, recheado de detalhes. Consegue até se ver como personagem do mundo do outro, mesmo que esse outro tenha apenas lhe remetido um ligeiro e sutil olhar.

E com tudo isso, espera ser compreendida, respeitada, admirada. Doce e ingênuo desejo. Mas eu lhe digo: há de chegar a hora em que um ser, pouco mais provido de sensibilidade, entenderá que é exatamente dela que ele retira seu sopro de vida, sua fonte de vitalidade. Aí, muitas palavras serão desnecessárias.

Mas voltemos a falar da espera. Esse exemplar da raça humana conta que vai agradar, espera que vá ser mais do que notada, torce para que seja vista além da aparência, sonha encontrar alguém que irá povoar todos os seus pensamentos, com a certeza de que o mesmo ocorrerá com o outro.

Acredita no poder do sorriso, desdobra-se em cuidados, exagera nos gestos, põe mais brilho onde nem precisa, veste-se para abalar, faz seus dias renderem em dobro, tão grande é sua vontade de abraçar todos os desejos do outro.

Explora todas as possibilidades de comunicação, das materiais e sensoriais às internauticas. E tem aquela que acredita estar diante de um semideus, que aparece numa imagem, nem tão nítida assim, numa tela de computador.

E se embebeda do que lhe escrevem. Até se embevece dos elogios tecidos a sua pessoa. E acredita, o que é pior! E fala mais, muito mais do que deveria, escancarando suas dores, seus lutos, suas peripécias, e cansa o outro. E não enxerga isso, está preocupada demais em agradar.

E eu, assim como outros, já falei para ela: espere menos, não se doe ao extremo, não dê tanta guarida para o sofrimento. Saiba fazer do seu momento, o momento certo e perfeito para você!

Mas quem disse que ela escuta? Só me ouve, isso porque quer companhia, quer ter a certeza de que alguém se preocupa com ela. Mas eu já falei: não quero passar meus dias a alimentar falsas expectativas, nem muito menos a fazê-la crer que é para isso que escrevo.

Escrevo sim para ela e para outras que acreditam não ter vida própria. Escrevo muito mais para dar vazão às minhas idéias, soltas, despretensiosas, mas que sem querer podem até alimentar alguns desocupados, outros ansiosos por criticar ou apenas ler letras juntadas em palavras e pensamentos. E se escrevesse somente para irritá-los de uma vez por todas, já teria vencido meu objetivo: certa de que alguém leu.

Enquanto gasto palavras tentando explicar o óbvio, não me permito compor outros raciocínios, de misturar letras sem sentido ou deixá-las ainda mais desprovidas de razão.

Porém se não existisse tanta tolice para se comentar, faltariam estímulos para os autores se manifestarem. Porque por mais que seja o texto eloquente e fiel à realidade, sempre estará carregado de impressões pessoais, num misto de olhar íntimo do autor, com as expectativas que ele tem a respeito do tema. É o seu modo particular de ver o que está de fora.

Falei de expectativa alheia e aproveitei para incluir a minha aqui também. Afinal, sou mulher, tenho minhas raízes fincadas naquele lugar inexplorado, composto de elementos etéreos indecifráveis, não seria diferente!

Tenho esperança de me superar e compartilhar. Creio na mudança, diária, tão rápida como o piscar de olhos, tão serena quanto o por do sol, tão áspera que chega a arder e a sangrar, tão breve que insiste em se repetir, tão tola quando é para o outro, tão sutil que nem chego a perceber que já se fez completa. De tão ingênua acredito no que ela pretende me dizer, mas de tão teimosa insisto para que se refaça; nova mais uma vez, engatinhando, recomeçando do zero. E ela só obedece e me acompanha; esse é o sentido da vida! Eu espero, enquanto faço acontecer.