O
doce e quente alcance da minha visão.
Olho
para um lado, tentação, para o outro, sensação que desestabiliza, entontece, me
tira do eixo, me deixa vulnerável. E que eu adoro! E, na essência, nada tem de
diferente um lado do outro.
No
dia a dia, o desejo parece ser o de algo mais denso, porém não menos tentador.
Mas esse já não depende só de mim, ou no mínimo, precisa ser cultivado,
exteriorizado, ousado, do lado de lá.
É
como se uma música me conduzisse, me levasse por onde bem entendesse, fazendo
seu meu corpo, tomando por inteiro meus pensamentos. A melodia ora me lembra um
rock ora jazz; blues ou ópera? A questão é: danço canto, sussurro, balbucio e
vivo.
Não
posso, não consigo abstrair tanta vibração. Não me faça crer também que eu
quero isso. A propósito, todos sabemos ser isso impossível. É muita energia
necessitando circular.
E
que excitante dar vazão ao que os olhos enxergam, ao que o corpo se predispõe a
receber com tanto impulsos vibrantes!
Então,
perdoo-me. Também, entendo você que não percebe, não sente ou finge não sentir,
você que ignora os apelos do seu olhar. E se sente, bloqueia fluxo dos impactos
dele em seu corpo.
Eu
vivo o desafio, eu corro perigo, eu sugiro, eu interpreto, eu invento, eu dou
asas sem medo do voo que elas farão. Se precisar, divido meu vigor com você...